Editorial: A Psicologia e a Psicoterapia nos diversos ciclos de vida.

A Psicologia e a Psicoterapia nos diversos ciclos de vida.

Pensamos o indivíduo como um sistema em movimento, através do tempo. Do nascer ao morrer passa, no seu crescimento, por experiências e produções, em casa fase de vida: vida intrauterina, infância, adolescência, idade adulta, idade do idoso e tempo de morrer.

Acontecimentos modais como nascimento, noivado, casamento, ser pai ou mãe, o primeiro filho, marcam períodos ou épocas de sua vida, caracterizando-os. Tais acontecimentos modais estão relacionados a entradas e saídas de membros familiares, como nascimentos, adoções, emancipações dos jovens que se realizam saindo de casa, ou saída de casa por doença e hospitalização, saída por morte.

A família se ressente ou se desgasta mais nos períodos de transição de uma fase para outra, nesse processo de desenvolvimento. Sintomas de disfunção familiar são comuns quando há interrupções ou deslocamentos no ciclo de vida da família ou de um de seus membros.

Essas interrupções podem ser pelos acontecimentos normais da vida ou por doenças, agudas ou crônicas, por acidentes, cirúrgicas. Fica bem claro se pensarmos naquele adolescente que, vítima de um acidente de carro, por exemplo, é hospitalizado e tem que se confrontar com fatos e viver as experiências dolorosas de sua vida em função de uma paraplegia, amputação ou de outra alteração corporal.

Uma coisa é lidar com um adolescente na chamada linha normal de desenvolvimento, com as preocupações ou demandas comuns da fase adolescência e outra coisa, muito diferente, é lidar com o adolescente acometido por interferências físicas, como as mencionadas anteriormente.

E o idoso, o velho, o senil comumente tem o comportamento que o avanço no desenvolvimento os possibilita e, reciprocamente, no lar, no hospital e na sociedade em geral, as pessoas a ele relacionadas tem um comportamento eivado de preconceitos. Nesses casos, somente com uma visão esclarecida torna-se possível encará-los em função de sua diferenciada capacitação, em que prevalecem as diferenças individuais e culturais.

Em qualquer das fases de desenvolvimento, quaisquer que sejam os acontecimentos modais em foco, enquanto marcantes e determinantes de alterações comportamentais, uma vez percebidos ou definidos os problemas, há necessidade de se dirigir esforços terapêuticos, psicoterápicos, orientação, apoio, no sentido de auxiliar as pessoas, as famílias a se reorganizarem. Vivenciando as situações de crise, de perdas ou sofrimento, consideradas as condições ou variações em seu ciclo de vida, os clientes ganham ou recuperam forças, levantam-se, revalorizam-se e reconstroem sua vida, assumindo os movimentos de seu desenvolvimento.

Profa. Dra. Mathilde Neder
Diretora Científica da ABRAP