Organizado por Angela Hiluey
Vice-presidente da ABRAP- Associação Brasileira de Psicoterapia
Coordenadora da Comissão Científica Nacional
A iniciativa de redigir um relato tanto sobre a proposta como sobre a vivência dos membros das comissões científicas do XI Congresso Latino-americano de Psicoterapia e do II Congresso Brasileiro de Psicoterapia tem por objetivo difundir as ideias compartilhadas e construídas durante estes Congressos.
A memória e o vento podem agir a seu bel
prazer, mas a publicação dessas ideias vai permitir que as mesmas possam ser
utilizadas em futuras reflexões, envolvendo a pesquisa, a teoria e a prática em
psicoterapia.
O programa científico foi estruturado e
organizado pela comissão científica nacional, constituída de membros associados
a ABRAP- Associação Brasileira de Psicoterapia, entidade responsável por
organizar esses Congressos juntamente com a FLAPSI e esteve sob a coordenação
de Angela Hiluey a qual se responsabilizou
pela organização do presente relato. A comissão científica internacional
formada por membros das associações integrantes da FLAPSI- Federação Latino- americana de Psicoterapia esteve
sob a coordenação de Oriana Vilches- Alvarez que pessoalmente cuidou de toda a
tradução para o português, e com sua comissão assessoraram os colegas expositores oriundos do
exterior bem como fizeram a apreciação dos trabalhos que foram inscritos por
estrangeiros.
Ficou ainda a cargo da coordenadora da comissão
científica nacional tanto o direcionamento para apreciação pelos membros das
comissões científicas dos trabalhos
inscritos como o seu posterior acompanhamento para inserção no programa uma vez
aprovado o trabalho. Foram aprovados para apresentação na modalidade de Comissão Oral um total de 74 trabalhos e para
apresentação na modalidade de
Pôsteres um total de 35 trabalhos. Essa última
modalidade contou com uma premiação sob a coordenação geral de Tales Vilela Santeiro com a participação nessa
coordenação de Angela Hiluey e Glaucia Mitsuko A. da Rocha. Teve-se ainda a participação de uma subcomissão
científica para apreciação dos pôsteres. Seis
pôsteres foram premiados para cinco posições na categoria pôster, pois houve
um empate no terceiro lugar. Enquanto para a categoria projeto de pesquisa em
psicoterapia tiveram-se três pôsteres premiados para três posições.
Contou-se nesses Congressos com a exposição –
Instituto Agrícola de Menores de Batatais: Memória em Construção de Sonia Maria
B. A. Parente e Gilberto Safra. Tal
exposição gerou uma atividade de Roda de Conversa sobre tal modelo de educação
onde estiveram conversando Abílio Barbosa da
Silva, Jorge Broide, Rita Seixas
e Sonia Maria B. A. Parente.
Os membros das comissões científicas participaram das diferentes atividades que compuseram esse programa científico o que lhes permitiu redigir um relato que precisasse as ideias que circularam em tais oportunidades. Tal relato foi estruturado a partir da perspectiva de cada um desses atores. Por meio dessa construção em parceria, ou seja através desse trabalho em equipe espera-se, também, oferecer uma contribuição aos colegas psicoterapeutas uma vez que foram reconhecidas algumas das dificuldades com as quais precisarão os mesmos se haver no futuro.
Este relato apresenta inicialmente um panorama delineado a partir do programa científico evidenciando os temas mais frequentes e que permite a seguinte consideração: tais temas são importantes para os profissionais. A seguir no referido relato são apresentadas as ideias circulantes a partir da ótica dos membros das comissões científicas. Trata-se de um recorte, pois os membros das comissões científicas não puderam cobrir todo o referido panorama. Procurou-se por outro lado em função desse procedimento descrito garantir uma maior precisão aos dados aqui apresentados. Optou-se, também, pela utilização dos escritos literais dos membros das comissões científicas na organização desse relato.
Descritas as
diretrizes que norteiam a redação desse relato passa-se ao relato propriamente
dito.
Conta a história que em função do panorama que segue abaixo foi dada uma
oportunidade para que acontecesse uma experiência que permitisse o
desenvolvimento dos participantes.
Glaucia Mitsuko A. da
Rocha Tales Vilela Santeiro
Esses dois eventos possibilitaram uma visão ampla dos aspectos que
chamam a atenção dos profissionais, pesquisadores e formadores em psicoterapia na América Latina, mas principalmente no Brasil, onde foram realizados. Com essa
ideia em mente, passamos os olhos
pelos temas mais frequentes nas falas de convidados
e demais participantes em Comunicações Orais.
Os temas que se destacaram nas
falas dos convidados – Mesas - disseram respeito aos “Dilemas atuais e à clínica contemporânea”, tema geral do evento
para os quais muitas falas foram direcionadas. Como exemplo de pontos
abordados, podemos citar o tratamento de pacientes
em trânsito, o cuidado com pessoas
vítimas de violência, o tratamento de
idosos, psicoterapia e saúde pública,
necessidade de flexibilização do setting
terapêutico, o que nos indica uma série de questões contemporâneas, da vida
prática, para as quais a psicoterapia necessita de respostas que passem pela
revisão de suas práticas.
Ainda como foco de atenção nas
Mesas, pode-se destacar a preocupação com a formação
em todo o seu percurso: desde a
graduação até a especialização, passando por questões relativas às grades
curriculares, às características do terapeuta e à supervisão. Seria de
estranhar que esse tema não se mostrasse
relevante, pois não diz respeito apenas ao processo de formação, mas à preocupação com a qualidade do atendimento oferecido pelos futuros
profissionais, enfim uma preocupação de caráter ético.
Demais temas que se destacaram foram: a
preocupação com o tratamento de pacientes específicos, especialmente
aqueles com Transtornos de Personalidade, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e
Transtorno Bipolar - desafios não só de
ordem local, mas mundial - a atenção
aos pacientes atendidos em instituições;
o uso de novas tecnologias e mídias,
em que se tratou de questões como as
práticas psicoterápicas mediadas por tecnologia ou ainda a tecnologia atravessando o relacionamento
terapeuta-paciente, professor-aluno.
Quanto às Comunicações Orais, o
tema que mais se destacou, foi o de “Pesquisa
em Psicoterapia”, que passou por pesquisa de resultado, de processo,
atendimento emergencial, grupos focais, além da
possibilidade de integração entre a pesquisa e a prática. Este pode ser
o resultado dos esforços da ABRAP em
aproximar pesquisadores e estimular o diálogo entre os praticantes da clínica
e a pesquisa com trabalhos realizados junto a alunos de iniciação científica,
mestrado e doutorado. Outro tema frequente
foi o
da psicoterapia de pacientes com Transtornos de Personalidade, Drogadictos,
assim como o foi dentre os temas
tratados em Mesas. São pacientes difíceis, desafios para os psicoterapeutas. Observa-se que,
juntamente a esses dois temas, aparece a preocupação com questões teórico-filosóficas.
Se nos ativermos apenas aos temas
destacados nas Mesas e Comunicações Orais: pacientes específicos/desafios da clínica contemporânea, questões
teórico-filosóficas, formação e pesquisa, o panorama das Comunicações Gerais
nos indica um pano de fundo. Nele se destaca
a urgência em se atender às
necessidades específicas de pacientes/clientes difíceis, ou ainda aos desafios apresentados à
clínica na contemporaneidade, o que
nos leva à busca de intervenções que
façam frente a essas necessidades. Para tanto, três condições delineiam-se como
importantes: 1) o aprofundamento das questões teórico-filosóficas, a fim de que
saibamos até que ponto é possível flexibilizar a técnica, propor novas
intervenções sem entrar em contradição teórica, epistemológica; 2) a pesquisa,
a fim de que testemos a eficácia das novas propostas; 3) o cuidado com a
formação, preparando o futuro profissional para o enfrentamento ético dos
problemas atuais."
Tendo-se como pano de fundo esse panorama, a seguir passa-se a
apresentar as ideias circulantes nesses Congressos segundo o prisma de alguns
atores que são integrantes das comissões científicas.
No dia 19
através do programa científico se garantiu à FLAPSI fazer-se presente nas
primeiras horas desse dia. Uma vez que a FLAPSI reúne as Associações Nacionais
dos diferentes países da América Latina nessa oportunidade as Associações
presentes relataram sua história sob o vértice de seus objetivos, realizações, desafios
e metas. Dessa maneira a FLAPSI através das Associações que a integram mais do
que se fez presente, se mostrou presente.
Evidenciou-se que a função das Associações é colaborar para que um
atendimento psicoterapêutico de melhor qualidade seja oferecido à população e
para tanto precisam de respaldo e consequentemente devem estar próximas e
oferecer espaço às entidades acadêmicas bem como a instituições de outra
natureza para que graças a essa aproximação e contribuição as Associações
Nacionais de Psicoterapia atinjam esta meta fundamental.
A atividade de Diálogos tinha por objetivo tratar de temas que mobilizam
os psicoterapeutas atualmente. Esperava-se que tanto fosse discriminado o que
se pensa atualmente como que novos caminhos pudessem ser visualizados para
futura exploração.
Sendo assim na atividade
Dialogando sobre "Os dilemas atuais na
prática clínica" a moderadora Angela Hiluey pode acompanhar Almir
Linhares de Faria discorrendo sobre “Vivência acelerada do tempo e vazio
interior" enquanto focava o que mobiliza o ser humano hoje e tais
considerações permitiram visualizar que como consequência há uma vivência acelerada do tempo e um
vazio interior, uma pobreza subjetiva. Não há
tempo para elaborar a experiência. É preciso estar ligado todo o tempo no aqui e agora e aberto às novidades.
Recusa-se a ideia de que a vida implica em riscos, que a possibilidade de erro
e fracasso são reais. Desvaloriza-se os estados de tristeza próprios do viver.
E, então, como desenvolvermos
técnicas que possam auxiliar os seres
humanos com tal vazio a descobrir e
construir significado?
O
debate posterior calcado nessa explanação clara e fundamentada foi
participativo. Houve interesse em conhecer como desenvolver técnicas mais
condizentes em tal contexto social e com tal condição humana o que permitiu a
visualização da terminologia que " iremos contra a maré" realmente,
levando-se em conta o discurso hegemônico atual. Ou seja tem-se um
significativo desafio.
A conferência de abertura por Gilberto Safra enfatizou essa necessidade
de levarmos em conta o contexto histórico social para nossa prática
terapêutica. E a partir da descrição das personalidades dos pacientes atuais
enfatizou a necessidade de nos prepararmos para atender esses pacientes.
Mostrou-nos que necessitamos ter muito mais rigor para avaliarmos nossos pacientes.
Formulou que temos alguns desafios que exigem diálogos interdisciplinares,
rigor na análise e desenvolvimento de novas formas de atuação. Ou seja ao
término desse primeiro dia de congressos tínhamos delineadas algumas diretrizes
para nossa tarefa futura e contou-se com algumas informações que foram
reforçadas e ampliadas nos dias posteriores. Tais informações e diálogos deram
aos participantes mais confiança para enfrentarem os desafios preconizados
tanto nesse primeiro dia como nos subsequentes segundo manifestações dos mesmos.
As conferências inaugurais relativas à Psicoterapia no século XXI:
possibilidades, novas perspectivas e desafios apresentadas por Ryad Simon; Hector Fernandez Álvarez e
Bárbara de Souza Conte enfatizaram a necessidade de transformações em nossa
técnica para o atendimento das patologias atuais em consonância com as condições de trabalho com as quais os profissionais contam. O tema
da supervisão para a prática clínica foi focado e ressaltou-se a necessidade da
estruturação de um plano de formação para os supervisores.
A conferência magistral foi proferida pela coordenadora da secretaria de
saúde, Rosângela Elias dada a impossibilidade do Dr. David Uip, secretário de
saúde do Estado de São Paulo estar presente. Dra. Rosângela ressaltou a
importância da capacitação das equipes de saúde e a abertura da secretaria de
saúde para o diálogo incluindo a psicoterapia.
A seguir serão colocadas as contribuições dos colegas da comissão
científica sem uma distribuição por dia dos congressos, pois os mesmos
estiverem presentes em dias alternados e registram suas observações como um
todo.
Mathilde Neder teceu os seguintes comentários:
"Bastante rica foi a experiência do
profissional psicólogo no encontro a nós proporcionado pelos congressos "XI Latino-Americano de Psicoterapia e
II Congresso Brasileiro de Psicoterapia”. Foi possível expor e receber
conhecimentos sobre o extenso e forte campo de atuação de profissionais da equipe técnica hospitalar, com
contribuições fortes para a área psicoterápica e apreciações sobre práticas em
psicoterapias breves e sobre produções artísticas, a par do conhecimento de experiências preciosas de profissionais
hospitalares em ambulatórios de prematuros. Inclusive, foi bastante destacado o
atendimento psicoterápico em diferentes tipos de instituições."
Ivonise Fernandes da Motta fez as seguintes considerações: "As discussões das mesas que coordenei foram muito boas.
Relato os temas centrais das
mesas e discussões:
Mesa 5 A Formação dos Futuros Psicoterapeutas
Nessa mesa o participante do Panamá Ramon Arturo Mon Pinzon nos
transmitiu a formação de psicoterapeutas em seu país.
Segue o tripé Psicoterapia,
supervisão e teoria.
Disse dos países que recebem imigrantes e da falta de preparo dos
terapeutas para atender essa população.
Conversamos sobre seu país que tem4 milhões de
habitantes então muito diferente do Brasil que tem muitos milhões de habitantes.
Luis
Eduardo Valiengo Berni e Julio Schruber Filho discutiram a
formação de psicoterapeutas no Brasil
as várias dificuldades atuais. Limitações na
formação de vários cursos de graduação em Psicologia. Por exemplo os cursos noturnos. E também foi discutido
o grande número de psicólogos formados a cada ano. O despreparo principalmente
em trabalhar em contextos sociais, em instituições de saúde, em hospitais.
Outra mesa que
coordenei no dia 19 de agosto Mesa C007 das 16-17:30hs
Roberto Garcia PUC São Paulo
Integração entre pesquisa e clínica- Fernanda
Serralta e Aline Bittencourt Laços e Amarras Conjugais Patricia Bertaglia
A respiração Diafragmática como preparo para cirurgia Monica Fernandes
A mesa possibilitou discussões interessantes. O trabalho de Fernanda Serralta suscitou muitas questões principalmente sobre a mensuração em Psicanálise que se revelou novidade para muitos dos integrantes da sala. Os outros temas possibilitaram diálogos principalmente a pesquisa apresentada por Roberto Garcia sobre Grupo Focal como estratégia de pré testar a compreensão de casos clínicos.
Foi muito rico.
Mesa 29 Psicopatologias Contemporâneas ou novos
recursos psicoterapêuticos de Investigação?
Flavia Jingerman -Psicoterapia
e Dependência Química
Nicolau Maluf- Reich
Marina Miranda- Distúrbios Alimentares
O tema das duas palestrantes se revelou de
interesse por sua atualidade propiciando muitas discussões. O tema do
palestrante por ser teórico não foi tanto questionado. Os diálogos foram
bastante ricos. Questões clínicas foram levantadas. Características da
terapêutica. Limitações e Eficácia.
José Ricardo Pinto de Abreu por sua vez comentou que:
"A mesa redonda Estratégias e táticas no
planejamento em Psicoterapia que me coube coordenar compareceram dois
apresentadores: Oriana Vilches-Alvarez (Chile) que abordou “A terapia
dialógica: perspectiva construcionista social e práticas colaborativas”, José
Ricardo P. de Abreu (Brasil) apresentou trabalho “Planejamento em Psicoterapia
de orientação analítica”.
Oriana, falou das bases conceituais da terapia
dialógica com desenvoltura e mostrando como aplica esse método psicoterápico e
os resultados positivos que obtém, ilustrando seu trabalho com material
prático.
Apesar da
sua reconhecida importância o tema do planejamento em psicoterapia não tem o
devido destaque. Planejamento deve ser entendido como um procedimento que
precede o início da psicoterapia,
sendo indispensável ser delineado antes de fazer o contrato psicoterapêutico. No planejamento em psicoterapia de
orientação analítica é indispensável, o estabelecimento do diagnóstico psicodinâmico, dos objetivos a serem alcançados,
a escolha um foco, da estratégia e a melhor tática para o caso. Os progressos na compreensão da psicopatologia e da
técnica psicoterapêutica teve reflexo no planejamento
das psicoterapias. Com o entendimento de que os quadros clínicos não tinham uma
psicopatologia única e purificada; foram identificados em nos pacientes
aspectos de desvalimento, déficit e
de conflito que precisavam ser abordados no
mesmo tratamento. Os psicoterapeutas tanto podiam ser objetos do self como objetos reais e separados na
vida dos pacientes. Ao lado das
intervenções habituais com relevo para a interpretação passou a ser valorizado
o contexto empático no tratamento
dos aspectos mais regressivos dos
pacientes em especial aos portadores
de transtornos de déficit e
desvalimento. O conceito de correntes psíquicas anunciado por Freud e
aprofundado por Maldavsky é utilizado para compreensão dos casos sendo muito
útil para o planejamento. Este deve ser apresentado através de um diálogo
interativo de modo que o paciente compreenda o que vai tratar como e aonde se pretende chegar. Destaca
as vantagens para o paciente e para o terapeuta quando o planejamento inicial é
realizado. Durante a apresentação foram apresentados exemplos clínicos ilustrativos.
Enfim, os objetivos previstos para
essa mesa foram atingidos e a tarefa proposta foi plenamente contemplada.
Como
ponto final, devo dizer que o
congresso proporcionou trabalhos originais de clínicos e também de
pesquisadores que informaram novidades de utilidade tanto para o
psicoterapeuta, que trabalha no consultório
privado, como o que exerce sua prática em saúde pública."
Henrique
J. Leal F. Rodrigues ressaltou
a partir de sua experiência que “os debates foram ricos e os trabalhos em sua
maioria bem relevantes".
O self do terapeuta traz para um olhar para a
meditação como recurso do terapeuta para trabalhar o aqui e agora, para
trabalhar a ansiedade. Outro ponto abordado foi o respeito pelo humano que deve
vir antes da técnica.
Foi apresentado um estudo sobre o atendimento
de vitimas de abuso e apresentou-se a falta de treinamento do pessoal da saúde
no atendimento dessas mulheres e a importância do psicólogo no acolhimento.
O papel do psicólogo na equipe medica de cirurgia de redução
tem sido na maioria das vezes mero
objeto de decoração.
Abordada teoria que enfoca a importância dos
cuidados no inicio da vida e a relação com as patologias na vida adulta quando
esta relação é quebrada ou violada; e como a psicoterapia dentro do espaço
relacional pode ajudar a resignificar estas experiências.
Glaucia Mitsuko Ataka da Rocha por sua vez escreveu as considerações que se
seguem:
"Coordenação de Mesa Redonda, Coordenação
de Comunicação Oral, Participação em Mesa Redonda e Comissão de Pesquisa. Em
relação às atividades de coordenação de Mesa Redonda, Comunicação Oral e como
participante de Mesa Redonda, todas transcorreram muito bem. O ambiente sempre
foi de partilha, cooperação e as oportunidades de troca após as apresentações
foram ricas. Pareceu-me que foi importante encontrar um espaço em que os
profissionais pudessem se posicionar frente à Psicoterapia no Brasil e
encontrar eco para suas falas.
No que respeita às atividades da Comissão de
Pesquisa, entendo que tudo transcorreu de forma harmoniosa. O processo foi
definido pelo Dr. Tales Santeiro de maneira primorosa e ética e considero que a
finalização do processo foi justa."
Angela
Hiluey acompanhou a formação e
o envio dos casos clínicos anônimos que foram discutidos no evento. Os três
relatos segundo os debatedores foram
claros, precisos e condizentes com as atuais preocupações dos psicoterapeutas.
Os temas foram relativos a: o uso da internet
por crianças e adolescentes; a
psicoterapia e o uso da medicação; a
violência familiar. Sendo Angela a moderadora do caso clínico envolvendo a
abordagem frente ao Segredo lhe foi possível acompanhar essa discussão o que
lhe permitiu tecer as seguintes considerações: As debatedoras Helena Centeno Hintz e Edith Vega se ocuparam
do relato do caso que mobilizaria a discussão. Helena esteve presente e Edith
dado estar impossibilitada de comparecer enviou suas considerações por e-mail.
Tratava-se de um caso envolvendo o abuso sexual. Foi possível ser levantado
tanto o impacto dos profissionais frente a tais casos daí inclusive a sugestão
do trabalho em equipe terapêutica para dar apoio ao terapeuta. Ressaltou-se a
complexidade de tais situações daí ser preciso implicar a problemática do
próprio abusador. Falou-se sobre as pesquisas relativas a transmissão
transgeracional envolvendo o segredo que mostram os riscos das experiências que não podem ser representadas para
as gerações seguintes. Bem como sugeriu-se um trabalho com a mãe que viesse a
restabelecer a confiança da filha
por sua mãe vindo a incluir um pedido de desculpas que a filha poderia vir a conceder ou não dado que a criança não contou para sua mãe porque ela segundo a criança não
acreditaria. O papel do juiz e das equipes que acompanham esses casos foi
comentado dada a relevância da capacitação
de tais equipes. Ter conhecimento através do relato do encaminhamento dado à
criança, sua mãe e irmãos e seus resultados provocou um alívio aos
participantes inicialmente mobilizados pela depressão da criança abusada.
A mesa redonda intitulada Formação e prática em
psicoterapia contou com a apresentação e coordenação de Glaucia Mitsuko Ataka da Rocha e com a apresentação de Waldemar
Fernandes e de Luis Oswaldo Pérez Flores. Angela Hiluey esteve presente como
participante e, portanto, tece algumas considerações. Os apresentadores
alinharam a fundamentação teórica à prática terapêutica proposta para suas
exposições. Isso permitiu aos participantes uma visualização precisa de tal
relevância para uma prática
psicoterapêutica responsável. Participantes ainda estudando na graduação solicitaram auxílio de
propostas práticas para seus atendimentos. Dada a complexidade dos casos
relatados o papel do supervisor foi ressaltado assim como a importância do trabalho em equipe interdisciplinar
dadas as patologias apontadas na discussão.
Evidenciou- se tanto a relevância da formação
continuada como a importância do diálogo e do trabalho interdisciplinar.
Waldemar compartilhou a experiência do Nesme onde em seus congressos após cada
término de exposição há um grupo de
discussão no qual não se faz perguntas
aos expositores, mas se conversa a partir da experiência vivenciada. Essa é uma prática que favorece a
articulação das ideias circulantes.
Angela
Hiluey fez uma exposição em
mesa redonda. Essa mesa foi intitulada como Acolhimento, prevenção e rede
social. Estava nessa mesma mesa como expositora Martha
Franco Diniz. Uma outra mesa
intitulada como Prática clínica e os meios de comunicação aonde expunham Moisés
Fernandes Lemos e Rosa Flores Morales juntou-se a Angela e Martha.
Martha mostrou a relevância de um
acompanhamento psicológico para uma adoção bem encaminhada. Evidenciou-se
novamente a importância da capacitação das equipes envolvidas nesses processos
e do diálogo entre as instituições envolvidas.
Angela mostrou que até 04 gerações são afetadas
quando há um idoso com Alzheimer e, portanto, deu seu alerta sobre como tais
situações merecem mais estudos e profissionais se ocupando da velhice. Através
do filme Angela apresentou não só a repercussão na família da DA como no
próprio paciente.
Oriana Vilches-Álvarez, coordenadora da
comissão científica internacional compartilhou sua experiência informando que:
“Quanto aos Diálogos por Associação a iniciativa foi interessante e por isso se
chamou diálogo.
As mesas redondas: participei de três delas. Minha apresentação de modelos terapêuticos Terapia dialógica e Supervisão desde as práticas colaborativas. Em ambas as mesas foi muito gratificante apresentar as ideias a um público de brasileiros interessados e motivado a fazer perguntas. Fiquei com a ideia de que algo novo foi levantado e que houve o benefício de conhecer o trabalho do profissional não só de outra associação nacional, mas de outro modelo psicoterapêutico. Assim pude perceber não só as pequenas e grandes diferenças dos modelos, mas que os profissionais estão satisfeitos em realizar aquilo que lhes faz sentido realizar. Na terceira mesa fui participante. Houve o atraso de um apresentador o que gerou prejuízo na exposição dos trabalhos.
Agora revisando minha experiência fico
"com gostinho" já que foram tantas as exposições que eu gostaria de
ter escutado.
Tomara que os profissionais enviem
suas apresentações para que eu tenha a oportunidade de lê-las." (Tradução
livre).”
Chega-se assim ao final desse relato tecendo algumas considerações finais.
Um relato descritivo embora longo, permite o resgate das ideias circulantes nesses Congressos segundo a ótica de alguns dos membros das comissões científicas.
Assim como numa investigação esse recorte
permitiu a enumeração de alguns dados que dão sustentação às conclusões aqui
apresentadas.
Os dados apresentados nos permitem ainda
incluir outros itens como metas. São
eles: 4) a investigação estar alinhada à prática clínica; 5) evidenciar a
relevância do trabalho pessoal do psicoterapeuta; 6) a estruturação de modelos
para formação de supervisores; 7) a capacitação das equipes de saúde; 8) abrir
o diálogo com as diferentes instituições, inclusive a secretaria da saúde e as universidades de modo não
mais meramente informativo, mas sim
autenticamente participativo; 9) estar aberto a diálogos interdisciplinares.
Nos diálogos sobre as Perspectivas Futuras na Psicoterapia, Guillermo Garrido e Alceu Roberto Casseb ao longo de suas explanações fundamentadas numa perspectiva teórico-filosófica nos permitiram acompanhar de modo alinhado e bem sustentado as metas que acima puderam ser enumeradas.
A experiência dos membros das comissões
científicas nas discussões realizadas ao longo desses Congressos permite que se afirme que a interlocução é necessária e
valorizada pelos participantes de modo prevalente. Ou seja, confirmam aquilo
que Gilberto Safra e Almir Linhares de Faria nas primeiras exposições desses
Congressos permitiram que se vislumbrasse:
a necessidade de reflexão sobre a própria experiência enquanto mostravam eles como está estruturando-se o ser
humano no mundo contemporâneo.
As comissões científicas desses Congressos deixam aqui sua contribuição para as futuras reflexões convictas de que as Associações Nacionais de Psicoterapia bem como a Federação Latino-americana de Psicoterapia que as une, estarão ao lado dos psicoterapeutas na busca de oferecer um atendimento de melhor qualidade à população.
Que a união materializada através do diálogo
nos sustente enquanto enfrentamos os desafios. Bom trabalho.
Angela Hiluey
Vice-presidente da ABRAP- Associação Brasileira de Psicoterapia Coordenadora da Comissão Científica Nacional
Membros da Comissão Científica Nacional
Profª Ana Patrícia de Sá Leitão Peixoto
Profª Drª Angela Hiluey (coordenadora)
Profª Drª Glaucia Mitsuko Ataka da Rocha
Prof. Dr. Henrique J. leal F. Rodrigues
Profª Drª Ivonise Fernandes da
Motta
Prof. Dr.José Toufic Thomé
Prof. Me. José Ricardo Pinto de Abreu Profª Drª Mathilde Neder
Prof. Dr. Tales Vilela Santeiro
Membros da Comissão Científica Internacional APRA- Argentina. Alejandra
Pérez Ps.
ABRAP- Brasil. Emília Afrange
ACHIPSI- Chile. Proª Mg Oriana Vilches-Álvarez (coordenadora)
AMEPAC-México. Drª Lorena Fernández Rodriguez
APPSIC-Peru. Luis Pérez Flores
SOPAPSI-Panamá. Dr. Ramón Mon FUPSI- Uruguay. Lic. Julia Ojeda
AVEPSI- Venezuela. Jesus Miguel Martinez