Nos
profissionais de saúde pode gerar muitos distúrbios emocionais: a escuta do
sofrimento, a culpa em relação as limitações do tratamento ao lidar com a
onipotência e a vulnerabilidade - acarretam altas taxas de depressão e
ansiedade entre médicos e enfermeiros que tratam pacientes com Covid-19
- As alterações na vida cotidiana podem
gerar consequências `a saúde na medida que exige percepção dos problemas e mudanças no comportamento para se adaptar a
nova situação. Sendo necessário
mobilizar recursos psicológicos: cognitivos, emocionais, afetivos, exigindo uma
plasticidade psíquica (uma resiliência que nem todos têm).
- A espiritualidade também pode ser um
fator que dificulte as medidas preventivas exigidas na pandemia e surgimento de
doenças mentais: crenças de apocalipse, presença nos cultos religiosos como
parte da proteção contra a doença
Apesar
dos mecanismos de defesa disponíveis, neste momento é totalmente
impossível não se sentir atingido ou influenciado por uma situação que coloca
em xeque nossa saúde física e mental, economia mundial e sobrevivência.
Como
nos defendemos deste cenário?
1º
Com a negação: mecanismo de defesa básico e primitivo
presente em qualquer circunstância que ameace a homeostase mental do ser
humano; evitando não buscar informações a respeito do panorama mundial, para
manter o distanciamento emocional de uma situação ameaçadora para que não se
torne real.
- A imposição social e as consequências
decorrentes confrontam em tempo real os indivíduos, exigindo condutas mais
racionais e adaptativas.
- Para os profissionais da saúde, de modo
ainda mais pessoal, a negação deixa de se sustentar a partir do momento que
algum evento pessoalmente significativo confronta a realidade; como demanda
alta de pacientes, a morte, a internação de colegas de trabalho; não há como se
sustentar na negação quando os efeitos da realidade estão por toda parte.
2º) A revolta: a constatação da realidade imposta e de
suas consequências iniciais em nossas vidas, quebra da homeostase habitual,
leva a enxergar predominantemente o aspecto negativo, as perdas, incitando
ainda sentimentos de culpa e medo, externalizados de modo irrefletido e pouco
adaptativo.
Perdemos:
- A liberdade
- A autonomia
- A segurança fictícia que fantasiamos
durante toda a vida
- O equilíbrio financeiro independentemente
de nossa condição social
- A “certeza” ilusória de controlar nossas
próprias vidas
- A zona de conforto de nossas funções
profissionais, atualmente adaptadas à pandemia.
- O tempo com nossas famílias, sem ter
saúde mental suficiente para disfrutar, e sem a possibilidade de usar nossos
recursos usuais de lazer e descanso.
- Os profissionais de saúde se sentem
totalmente engolidos pela profissão, e ainda mais afastados dos entes querido,
sendo fadados a viverem de tecnologia para se aproximar das pessoas que amam.
3) A fase depressiva na vivência da
Covid-19: lutos desencadeados pela Covid-19.
- Não há um único humano que não passará
pelo luto, estamos todos no mesmo barco, mas com remos diferentes.
- Em um período mais maduro do processo de
assimilação e enfrentamento da realidade, a revolta vai perdendo sua utilidade.
A consciência dos fatos vai tornando-se mais plena, e abre-se espaço para a
vivência emocional do caos.
- Chega-se o tempo de introspecção,
manifestação da tristeza, vivência de humor mais deprimido, e isso é confundido
por muitas pessoas com quadros de depressão ou desistência.
- Os profissionais da saúde, provavelmente
sentirão junto ao contexto de exaustão e impotência, quando se der conta de que
ainda com todos os esforços intensificados, salvar a população não está nas
suas mãos
- Os comerciantes, profissionais
contratados que perderam seus empregos, prestadores de serviço, certamente
estarão vivenciando a fase depressiva por motivos distintos.
- Manter a conexão dos pacientes com seus
profissionais de saúde usando as plataformas de telemedicina é fundamental e
"pode ser a coisa mais importante que fazemos como profissionais de
saúde mental".
- "Mesmo as pessoas idosas que são
cognitivamente saudáveis estão em risco, porque as reservas cognitivas estão
em baixa. As ligações telefônicas são importantes para o contato e para
garantir que os idosos estejam indo bem", disse Ahmed ao Medscape
Medical News.
- Ahmed e Forester recomendam que todos os médicos,
incluindo os que estão na linha de frente da pandemia, examinem os pacientes
quanto à solidão, depressão e
comprometimento cognitivo
CONCLUSÕES
FINAIS:
A
compreensão real de nossos sentimentos e impressões, podem e devem ser
refletidas no decorrer destes dias sombrios. Devemos nos permitir pensar sobre
nossas frustrações, tristezas, revoltas, e também sobre as expectativas e
desejos que preservamos, afinal, em algum momento isso vai passar.
• Se COVID-19 tem deixado sequelas pulmonares nos
doentes mais graves, perda de entes queridos, além de muitas outras perdas.
• O mundo viverá por anos as sequelas
econômicas e emocionais impostas por esta pandemia.
• É um fato tão complexo que conseguiu unir
nações em uma mesma realidade. Sim, estamos enfrentando dificuldades e
tristezas de uma tragédia coletiva, e dentro de alguns meses teremos vivenciado
nosso luto mundial. Os verdadeiros sobreviventes a este cenário caótico, não
serão os sobreviventes da doença, e sim todos os indivíduos que conseguirem se
adaptar de modo positivo e ressignificar sua vida a partir deste aprendizado.
• Precisamos desenvolver a resiliência
verdadeira.