Definição de
Depressão
Segundo Beck
(2011), a depressão é o exagero de um estado de humor vivenciado por indivíduos
normais. Depressão é causada principalmente por estresse psicológico e
conflitos mal resolvidos.
As queixas
dos sintomas depressivos podem ser apresentados de múltiplas formas com queixas
psíquicas, como: humos depressivo, anedonia, ideias de autodesvalorização e
culpa, ideias de morte e suicídio, fadiga, sensação de perda de energia,
diminuição da concentração, memória e capacidade de decidir, assim como queixas
somáticas, como: aumento ou diminuição de sono, apetite e peso, diminuição da
libido, dores sem substrato orgânico, como também podem ocorrer, associados, as
alterações de comportamento.
A depressão
pode, hoje, ser definida em termos dos seguintes atributos:
1- Alteração específica no humor,
tristeza, solidão, apatia.
2- Autoconceito negativo associado a
autorrecriminações e autoacusações.
3- Desejos regressivos e autopunitivos:
desejos de fugir, esconder-se ou morrer.
4- Alterações vegetativas: anorexia,
insônia, perda da libido.
5- Alteração no nível de atividade: retardo psicomotor ou agitação.
É comum
indivíduos normais dizerem que estão deprimidos quando observam qualquer queda
em sua disposição de ânimo para um nível mais baixo do que o costumeiro. O indivíduo
que vivencia tristeza ou solidão transitória pode dizer que está deprimido. É
discutível se essa disposição de ânimo normal equivale ao sentimento vivenciado
na condição anormal da depressão ou mesmo se tem alguma relação com ela.
O termo
depressão muitas vezes é usado para designar um complexo padrão de desvio nos
sentimentos, na cognição e no comportamento não representando com um transtorno
psiquiátrico distinto. Neste caso a depressão é considerada uma síndrome ou
complexo de sintomas que causam um prejuízo no funcionamento global e são
categorizados como, transtornos depressivo maior e transtorno distímico,
transtorno disruptivo, entre outros quadros bem específicos.
O transtorno
depressivo maior é definido por um ou mais episódios depressivos. Tais
episódios incluem 2 semanas de humor deprimido ou perda de interesse e no
mínimo 4 sintomas de depressão adicionais.
O transtorno
distímico é definido por ao menos 2 anos de humor deprimido de baixa
intensidade e o indivíduo está deprimido na maior parte dos dias.
Existem
ainda muitas discussões entre os estudiosos sobre a reação entre depressão e
mudanças de humor vivenciadas por indivíduos normais que vivenciam tristeza ou
profundos sentimentos de solidão.
A palavra
humos se aplicada a um espectro de sentimentos que vão da euforia a felicidade
em um extremo à tristeza e infelicidade.
Os episódios
de humor deprimido ou de tristeza que ocorrem nos indivíduos normais
assemelham-se, em diversos aspectos, aos estados clínicos da depressão.
Rangé relata
que um indivíduo deprimido pode ficar sentado sem dizer nada por longo período
de tempo, ficar na cama, o dia todo, estar mais lento, inclusive no
desenvolvimento de suas tarefas. A frequência reduzida do comportamento
positivo reforçado é a marca registrada da depressão e pode estar relacionada a
vários fatores como: a falha no repertorio da criança em interagir com sucesso
com a mãe em situações importantes, como na alimentação. Pode apresentar uma
perda de comportamento que resultaria de um reforço bem-sucedido dessas
interações, mas também resultar em uma falta de desenvolvimento de percepção.
O
desenvolvimento bloqueia o estabelecimento de modos adequados de interação com
outros indivíduos. Essa visão de um desenvolvimento de repertórios rotulados
deprimidos, chama a atenção para a aquisição de comportamentos positivamente
reforçados supondo-se que o aumento de comportamentos adequados reduzirá a frequência
dos inadequados.
Para Beck os
sintomas e sinais a seguir, tais como: tristeza, pessimismo, fracassos
passados, perda de prazer, sentimentos de culpa, sentimentos de punição,
autocritica aumentada, pensamentos ou desejos suicidas, choro, agitação,
indecisão, mudanças no padrão de sono, irritabilidade mudanças no apetite,
dificuldades de concentração, cansaço ou fadiga, perda de interesse sexual.
Segundo
Beck, (1997), o grau de depressão pode ser avaliado considerando o número de
sintomas e sinais que o indivíduo possa apresentar, sua frequência e
intensidade.
Para isso
são utilizados instrumentos e técnicas de avaliação reconhecidas cientificamente.
O quadro depressivo pode ser classificado como “normal”, “moderado”, ou
“severo” de acordo com a pontuação obtida no BDI ( Beck depression inventory).
De acordo
com Beck (1997), todos os indivíduos para lidarem com suas crenças negativas,
desenvolveram características psicológicas vulneráveis, além de serem
predispostas biologicamente à depressão.
Algumas
características: pessimismo, perfeccionismo, catastrofismo, radicalismo,
extremismo, timidez, resistências a críticas, baixa tolerância ao estresse,
baixa tolerância às frustrações.
Beck (1997)
define situações indutoras para depressão: morte do cônjuge, filhos e amigos,
conflitos conjugais, dificuldades com parentes, dificuldades financeiras, perda
emprego, causas judiciais, distância de família, aposentadoria/invalidez, etc.
Há também a
sobrecarga de informações: cursos, competições, pressão para processos rápidos,
mudanças, readaptações.
A pessoa
deprimida é como um ser praticamente cerebral, ela pode entender o sentido de
uma piada, mas não sentir divertida, ela pode dar as características dos
familiares queridos, como também reconhecer um alimento ou peça musical
favoritos, mas sem experimentar o sentimento de satisfação. A capacidade do indivíduo
deprimido de raciocinar com sentimentos positivos esta bloqueada, experimenta
as vibrações extremas de emoções desagradáveis.
É como se
seu reservatório de sentimentos estivesse canalizado através da tristeza, da
apatia e da infelicidade. Portanto, ao trabalhar com pacientes deprimidos, não
podemos perder de vista a gravidade de sua perda, a limitação de sua capacidade
para sentir prazer, afeto, alegria e diversão, assim como a intensidade de sua
tristeza.
Pacientes
deprimidos buscam ajuda por não sentir mais amor pelos membros da família ou
porque perderam o entusiasmo pela vida. Na identificação e expressão de
emoções, o terapeuta deve avaliar a capacidade do paciente em reconhecer e
controlar seus sentimentos.
COMO
PROCEDER O TRATAMENTO AO DEPRESSÃO DENTRO DA ABORDAGEM COGNITIVA.
O terapeuta
é um colaborador, um consultor e um professor dos princípios. Podemos nos utilizar
da metáfora, pois o paciente observa de maneira natural, os fenômenos de sua
vida, desenvolve teoria sobre o seu mundo, simula relações entre variáveis e
realiza experiências para validar suas teorias e controlar seus ambientes.
As
estratégias de terapia de autocontrole utilizam estas para fundamentar os
processos naturais de autoregulação. O autocontrole converte os processos
naturais que estão fora da consciência, são encobertos e informais, em
procedimentos conscientes manifestos e formais.
Caballo
(2002) aborda sobre os objetivos do tratamento, focando na solução de problemas
que incluem:
- ajudar o
paciente a identificar as anteriores e as atuais situações estressantes da
vida, os acontecimentos mais importantes e os problemas atuais, que fazem parte
das reações emocionais negativas.
- diminuir o
grau em que a resposta influencia de modo negativo as tentativas futuras de
enfrentamento.
- aumentar a
eficácia das tentativas de solucionar os problemas no enfrentamento de situações
atuais.
- ensinar
habilidades que permitem que o paciente enxerga de modo mais eficaz os
problemas futuros, para evitar perturbações psicológicas.
Dependendo
das circunstâncias da própria vida, o tratamento dentro deste contexto pode
centrar-se em mudar a natureza problemática das situações estressantes
anteriores e atuais, modificar a resposta desadaptativa do paciente.
A terapia de
solução de problemas deve ser aplicada de forma estruturada e de tempo
limitado.
Diz também
que o emprego de reestruturação cognitiva seria apropriado durante o
treinamento em definição e formulação de problemas, a fim de diminuir o grau em
que diferentes distorções cognitivas impedem que o paciente defina um problema
com precisão.
O emprego do
treinamento em relaxamento é igualmente importante durante o processo da
criação de alternativas, objetivando facilitar a criatividade ao diminuir as
possíveis interferências associadas com a reatividade emocional.
Caballo
(2003), os principais objetivos do tratamento são: reconhecer as preocupações,
como o comportamento de aproximação e evitação, a identificação dos diferentes
tipos de preocupações e a correta aplicação de estratégias e técnicas voltadas
para cada indivíduo, com o intuito de produzir as mudanças satisfatórias
desejadas.
Um programa
de autocontrole para depressão:
- auto
registro, efeitos sobre o comportamento.
- as
atribuições estabelecendo objetivos para mudanças no pensamento, sentimento e
consequentemente no comportamento.
- auto
reforçamento,
- manutenção
das mudanças,
- Tarefa de
casa referente ao que foi direcionado durante a seção de terapia.
Beck, Judith
(1997) Terapia cognitiva se baseia em 10 princípios básicos:
1 - em
formulação e continuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos
cognitivos.
2 - requer
uma aliança terapêutica segura
3 - enfatiza
colaboração e participação ativa
4 - é
orientada em meta e focalizada em problemas
5 -
inicialmente enfatiza o presente
6 - é
educativa, visa ensinas o paciente a ser seu próprio terapeuta, e enfatiza
prevenção da recaída
7 - visa ter
um tempo limitado
8 - as
sessões de terapia cognitiva s]ao estruturadas
9 - ensina
os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças
disfuncionais.
10 -
utiliza-se de uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e
comportamento.
Referencias
Beck, Aaron
(1997,2011): Terapia Cognitiva da Depressão. Porto Alegre, Artmed. 1997
Beck, Judith
(1997): Terapia Cognitiva teoria e prática
Caballo,
Vicente E: Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do comportamento. SP,
Santos, 2002
Rangé,
Bernard : Psicoterapia comportamental e Cognitiva de transtornos psiquiátricos.
Campinas, livro Pleno, 2001